quarta-feira, 2 de março de 2011

A Obesidade Mental - Andrew Oitke

A Obesidade Mental - Andrew Oitke



O prof. Andrew Oitke publicou o seu polémico livro «Mental Obesity», que revolucionou os campos da educação, jornalismo e relações sociais em geral.



Nessa obra, o catedrático de Antropologia em Harvard introduziu o conceito em epígrafe para descrever o que considerava o pior problema da sociedade moderna.



«Há apenas algumas décadas, a Humanidade tomou consciência dos perigos do excesso de gordura física por uma alimentação desregrada.



Está na altura de se notar que os nossos abusos no campo da informação e conhecimento estão a criar problemas tão ou mais sérios que esses.»



Segundo o autor, «a nossa sociedade está mais atafulhada de preconceitos que de proteínas, mais intoxicada de lugares-comuns que de hidratos de carbono.



As pessoas viciaram-se em estereótipos, juízos apressados, pensamentos tacanhos, condenações precipitadas.



Todos têm opinião sobre tudo, mas não conhecem nada.



Os cozinheiros desta magna "fast food" intelectual são os jornalistas e comentadores, os editores da informação e filósofos, os romancistas e realizadores de cinema.



Os telejornais e telenovelas são os hamburgers do espírito, as revistas e romances são os donuts da imaginação.»



O problema central está na família e na escola.



«Qualquer pai responsável sabe que os seus filhos ficarão doentes se comerem apenas doces e chocolate.



Não se entende, então, como é que tantos educadores aceitam que a dieta mental das crianças seja composta por desenhos animados, videojogos e telenovelas.



Com uma «alimentação intelectual» tão carregada de adrenalina, romance, violência e emoção, é normal que esses jovens nunca consigam depois uma vida saudável e equilibrada.»



Um dos capítulos mais polémicos e contundentes da obra, intitulado "Os Abutres", afirma:



«O jornalista alimenta-se hoje quase exclusivamente de cadáveres de reputações, de detritos de escândalos, de restos mortais das realizações humanas.



A imprensa deixou há muito de informar, para apenas seduzir, agredir e manipular.»



O texto descreve como os repórteres se desinteressam da realidade fervilhante, para se centrarem apenas no lado polémico e chocante.



«Só a parte morta e apodrecida da realidade é que chega aos jornais.»



Outros casos referidos criaram uma celeuma que perdura.



«O conhecimento das pessoas aumentou, mas é feito de banalidades.



Todos sabem que Kennedy foi assassinado, mas não sabem quem foi Kennedy.



Todos dizem que a Capela Sistina tem tecto, mas ninguém suspeita para que é que ela serve.



Todos acham que Saddam é mau e Mandella é bom, mas nem desconfiam porquê.



Todos conhecem que Pitágoras tem um teorema, mas ignoram o que é um cateto».



As conclusões do tratado, já clássico, são arrasadoras.



«Não admira que, no meio da prosperidade e abundância, as grandes realizações do espírito humano estejam em decadência.



A família é contestada, a tradição esquecida, a religião abandonada, a cultura banalizou-se, o folclore entrou em queda, a arte é fútil, paradoxal ou doentia.



Floresce a pornografia, o cabotinismo, a imitação, a sensaboria, o egoísmo.



Não se trata de uma decadência, uma «idade das trevas» ou o fim da civilização, como tantos apregoam.



É só uma questão de obesidade.



O homem moderno está adiposo no raciocínio, gostos e sentimentos.



O mundo não precisa de reformas, desenvolvimento, progressos.



Precisa sobretudo de dieta mental.»